segunda-feira, 2 de abril de 2012 | Autor:

O que é a kundaliní

Kundaliní é uma energia física, de natureza neurológica e manifestação sexual. O termo é feminino, deve ser sempre acentuado e pronunciado com o í final longo. Os leigos aplicam o termo no masculino e pronunciam “o kundalíni”, mas está errado. Repetimos: o termo é feminino, deve ser pronunciado com a tônica na primeira sílaba e a longa na última.

Pronuncie em voz alta para fixar a correção: kundaliní[1]. Significa serpentina, aquela que tem a forma de uma serpente. De fato, sua aparência é a de uma energia ígnea, enroscada três vezes e meia dentro do múládhára chakra, o centro de força situado próximo à base da coluna e aos órgãos genitais. Enquanto está adormecida, é como se fosse uma chama congelada. É tão poderosa que o Hinduísmo a considera uma deusa, a Mãe Divina, a Shaktí Universal. Todo o sistema do Yôga, de qualquer ramo, apoia-se no conceito da kundaliní.

De fato, tudo depende dela conforme o seu grau de atividade – a tendência do homem à verticalidade, a saúde do corpo, os poderes paranormais, a iluminação interior que o arrebata da sua condição de mamífero humano e o catapulta em uma só vida à meta da evolução sem esperar pelo fatalismo de outras eventuais existências. Leia mais »

segunda-feira, 26 de março de 2012 | Autor:

Karma negativo e karma positivo

Mal é o nome que se dá à semente do bem.
DeRose

 

No Ocidente, temos uma visão muito distorcida a respeito do karma. Pudera! Esse conceito não é nosso, originalmente. Com toda aquela carga de culpa e pecado que cerca a cultura cristã, é compreensível que interpretemos o karma como algo forçosamente ruim, algo que temos de pagar com sofrimento. O marido faz algo desagradável e a mulher retruca contrariada: “Você é o meu karma!”. Mas se numa outra ocasião o esposo traz flores, ela não diz, exultante: “Você é mesmo o meu karma!”. Isso porque, para o ocidental, karma está necessariamente associado a algo negativo. Na realidade, não é assim.

Não existe karma bom ou karma ruim, assim como não existe fogo bom ou fogo mau. Nós assim os classificamos conforme suas consequências imediatas sejam convenientes para nós ou não o sejam. Diversas vezes aquilo que chamamos de karma ruim é algo que está criando as bases de algo muito bom no futuro. É como alguém que passe fome ou seja muito perseguido e, na hora, considere isso um mau karma. No entanto, com o passar do tempo essas desditas geram uma têmpera mais forte, que virá a ser bem útil, por um tempo bastante maior. Outro exemplo: Fulano chegou tarde e perdeu o avião. Ficou revoltado com a própria falta de sorte e blasfemou: “Maldito karma, esse meu. Perdi o voo.” Em seguida, o avião explode diante do seu olhar atônito, e ele só consegue balbuciar: “Bendito karma. Perdi o voo e estou vivo”. Afinal, o karma que o teria feito perder a aeronave, seria bom ou ruim? Depende da ótica. Na maior parte das vezes, não vemos o avião explodir, por isso continuamos a supor que o karma tenha sido mau.

O exemplo acima, de certa forma, remete-nos à velha comparação que nos é ensinada pela sabedoria popular: uma garrafa com água até a metade é considerada pelo pessimista uma garrafa meio vazia e pelo otimista, uma garrafa meio cheia. No entanto, sua classificação é apenas uma questão de ótica. Assim é com o karma e assim é com a vida. Muitas vezes temos todos os motivos para ser felizes, mas preferimos considerar as razões que nos fariam infelizes.

 

A única forma de não gerar karma

A única maneira de não gerar karma é atingir o nirbíja samádhi, pois ele consiste em uma total identificação com o Absoluto. E o Absoluto não contrai karma. Até então, respirou, gerou karma. A grande equação é gerar somente o que consideramos “karma positivo”, aquele que produz resultados que nos agradem.

domingo, 25 de março de 2012 | Autor:

Karma

O Universo é polarizado:
se tem gente contra (–), é porque você é a favor (+).

DeRose

 

Karma provém da raiz sânscrita kr, agir, que deu origem aos termos karma (ação) e kriyá (atividade). Karma é uma lei natural, como a lei da gravidade. Essa é a visão que o Yôga mais antigo, de fundamentação Niríshwara-Sámkhya[1], tem do karma. A visão espiritualista surge mais tarde e é reforçada na mesma medida em que a filosofia Vêdánta torna-se mais popular, especialmente a partir do século VIII d.C. Posteriormente, o conceito de karma é importado pelo Ocidente e cristianizado, ou seja, é feita uma releitura com base nos princípios cristãos de culpa e pecado. Karma deixa de ser uma lei que está fora e além do bem e do mal, para tornar-se algo com conotação negativa, que se deve pagar com sofrimento.

Se conhecermos os mecanismos que regem o dharma e o karma, teremos quase total domínio sobre a nossa vida e o nosso destino. Aliás, podemos definir karma como um destino maleável, que modificamos a cada minuto em virtude das nossas ações, palavras e pensamentos. Estamos o tempo todo a tecer nosso futuro imediato e distante.

Cada ação (karma = ação) protagonizada gera inexoravelmente uma reação, ainda que a ação inicial tenha sido apenas palavra ou pensamento. Então, devemos tomar muito cuidado com o que dizemos e com o que pensamos, não por uma razão meramente moral, mas por saber que não haverá como furtar-nos à responsabilidade das consequências.

Este livro vai nos ensinar como manobrar a lei do karma a nosso favor para transformar a nossa vida para melhor, mas não conseguirá auxiliar aqueles que usam da ação mal intencionada, da palavra caluniosa ou do pensamento malicioso contra outro ser humano.


 Diferenças entre karma e dharma[2]

Por mais que se faça o bem
sempre se desagrada alguém.
DeRose

 

O ocidental costuma confundir karma com dharma, no entanto, trata-se de duas categorias de leis completamente diferentes. A própria palavra dharma significa, literalmente, lei. Refere-se a qualquer lei humana: lei jurídica, regulamento de um clube ou condomínio, norma religiosa etc. Inclusive, o termo dharma também pode ser usado, por extensão, com o significado de religião. Assim, dharma é uma lei humana e karma, uma lei universal. Dharma está sujeito ao tempo e ao espaço, enquanto karma está além do tempo e do espaço.

O dharma é uma lei moral, pois depende das normas de um determinado país, região, cidade, grupo cultural e de uma determinada época. Mudando o tempo ou mudando o lugar, as regras mudam. O dharma depende dos costumes (mores, em latim[3]).

Na década de 70, uma jovem brasileira recém-chegada da Europa, atreveu-se a fazer topless em Ipanema. Foi presa por atentado ao pudor. Mas era de família influente e processou o Governo. Ganhou a ação judicial. A família devia ser mesmo muito poderosa, pois isso ocorreu durante a ditadura de extrema direita, profundamente moralista. O fato é que uma lei foi criada por causa dela, permitindo que se praticasse o topless em Ipanema. A partir de então, os policiais que antes aplicavam a repressão, agora defenderiam contra eventuais agressões a quem desejasse tomar sol mais à vontade. Uma questão de datas. No entanto, se a jovem passasse inadvertidamente a divisa de Ipanema com Copacabana, o mesmo policial que a defenderia na outra praia, nesta, seria capaz de lhe dar ordem de prisão. Uma questão de lugar.

 

O swadharma

Swadharma significa “o seu próprio dharma”. Constitui uma espécie de agravante ou atenuante, aplicado a cada caso específico. Por exemplo, o dharma declara que é proibido matar, mas no caso de um militar defendendo a pátria, o dharma abre uma exceção e ainda o condecora pela quantidade de inimigos abatidos.

Podem ocorrer diversas circunstâncias em que o dharma determine algo que seja difícil ou desagradável cumprir, ou cujo cumprimento traga algum inconveniente. O ideal é que o indivíduo se flexibilize para adaptar o seu dharma pessoal ao dharma geral da nação ou da instituição a que estiver atrelado[4]. Por exemplo, um jovem prestando o serviço militar e que queira obedecer à lei universal, o karma, ao invés de declarar que se nega a matar os inimigos e acabar preso, tachado de covarde ou traidor, poderá, mais inteligentemente, pedir transferência para o serviço de enfermaria. Em vez de se chocar de frente com as normas vigentes, terá dado a volta nelas, com um bom jogo de cintura.

Vemos, então, que o karma e o dharma eventualmente podem se contradizer. Numa tribo antropófaga, o dharma é matar e canibalizar os inimigos. Na profissão de policial, o dharma pode ser atirar para matar. Em caso de guerra, o dharma é trucidar o maior número possível de soldados adversários. Porém, o karma, em todos esses casos permanece imutável e universal: determina não matar. E não apenas não matar gente.

O próprio dharma shástra de Moisés, declara solenemente em Exodus, capítulo 20: “Não matarás.” Em parte alguma está escrito “não matarás homens”. Está escrito não matarás. Portanto, ao matar animais para comer[5], você está contra o karma, que é universal, e contra o dharma, que é a lei religiosa do Cristianismo e do Judaísmo[6].

Karma é apenas uma lei de causa e efeito, do gênero “cuspiu pra cima, vai receber uma cusparada no rosto”. A pura lei do karma é simplesmente mecânica e não espiritual. Nem sequer moral. Independe de fundamentação reencarnacionista ou até mesmo teísta. Refere-se a um mecanismo da própria natureza. Uma espécie de lei da gravidade muito distante do fatalismo que lhe atribuímos.

Comparando a lei do karma com a lei da gravidade, vamos concluir que as duas têm muito em comum. Se você cospe para cima, recebe a cusparada na cara. Não foi castigo. Nenhuma divindade interrompeu seus afazeres macrocósmicos para punir o hominídeo que teria feito algo “errado”. Se você ignora a lei da gravidade e segue caminhando numa trilha em que haja um grande fosso, cairá nele. Machucar-se-á. Sendo ignorante da lei da gravidade, vai ficar se lamentando pelos ferimentos e irá atribuí-los à vontade dos deuses ou dos demônios. Precisará cair outras e outras vezes, até aprender que não está se contundindo pelo desígnio de deuses ou maus espíritos, e sim porque há uma lei natural, a lei da gravidade, que o faz cair no fosso. Aprendida a lição, ao se deparar com o buraco à sua frente, você não continuará caminhando desavisadamente em direção a ele. Vai contorná-lo, saltá-lo, colocar uma ponte ou descer o fosso por um lado e subir pelo outro. Enfim, tomará alguma medida dentre as tantas alternativas que existem para cada caso, mas não cairá mais por ignorância da lei. Com o karma, é exatamente da mesma forma.

Outra comparação do karma com a gravidade: você monta numa bicicleta e sai andando nela. Gerou o karma potencial de uma queda de bicicleta. No momento em que você para e desce do veículo, terminou o seu karma potencial de uma queda de bicicleta. Teve início um outro karma potencial, o de escorregar e cair, o que já é bem mais suave.

Tudo o que fazemos, falamos, sentimos ou pensamos gera karma. A questão é saber como ir substituindo um karma que produza resultados inconvenientes por outro que cause consequências desejáveis.

O karma se divide em três tipos: passivo, potencial e manifestado. Temos absoluto domínio sobre os dois primeiros. Essa é uma boa notícia. Você nunca imaginou que teria controle total sobre dois te0rços do seu destino! Existe uma parábola que ilustra isso muito bem. O ser humano e o seu karma são como o arqueiro com suas flechas. Na primeira etapa, as flechas estão pousadas passivamente na aljava. Esse momento representa o karma passivo, com o qual você pode fazer o que bem entender. Na segunda etapa, o arqueiro saca uma das flechas, coloca-a no arco e tensiona-o. Ele pôs em estado de alerta uma energia potencial, mas ainda tem completo domínio, pois poderá conferir mais ou menos tensão ao arco, poderá atirar nesta ou naquela direção e, ainda, poderá desistir de lançar a flecha e guardá-la novamente no coldre. A terceira etapa, é quando o arqueiro solta a flecha. A partir daí não dá para voltar atrás, não é possível sair correndo para alcançar a flecha e fazê-la parar. Nesse caso, não há como impedir que toda uma sucessão de consequências se desencadeie. Somente sobre esta última forma de karma você não terá domínio.

Na verdade, o exemplo acima não pretende expressar uma precisão matemática de que tenhamos domínio sobre exatos dois terços do nosso karma. Trata-se de uma antiga comparação para nos proporcionar uma ideia de que temos domínio perfeito sobre a maior parte do nosso futuro.

Além disso, qualquer que seja o nosso karma, a liberdade que temos sobre as formas de cumpri-lo é bastante elástica. A sensação de restrição ou impedimento é muito mais decorrente dos próprios receios de mudar e da acomodação das pessoas, do que propriamente da lei de causa e efeito.

É como se o cumprimento de um karma fosse uma viagem num transatlântico. Você está inevitavelmente dirigindo-se ao seu destino, entretanto, poderá aproveitar a jornada de diversas maneiras. Poderá cumprir o percurso relacionando-se bem ou mal com os companheiros de viagem. A bordo, terá o direito de tomar sol, nadar, ler, dançar, praticar esportes. Ou de reclamar da vida, da monotonia, do cheiro de maresia, do balanço do navio, do serviço de camarote, do tamanho da escotilha, do enjoo… Todos chegarão ao destino, de uma maneira ou de outra. Só que alguns divertir-se-ão bastante no trajeto. Outros vão sofrer. Isso deve-se preponderantemente ao temperamento de cada um e não ao karma. Este é o verdadeiro conceito de karma. O resto é complexo de culpa.


[1] Pode-se grafar Niríshwarasámkhya ou, separadamente, Niríshwara-Sámkhya, neste segundo caso para melhor entendimento do leitor não familiarizado com os termos sânscritos. Quando escrevemos Dakshinacharatántrika-Niríshwarasámkhya Yôga damos preferência a usar o hífen apenas para associar o Tantra (de linha Dakshinachara) com o Sámkhya (de linha Niríshwara), formando assim um bloco que constitui o pré-nome desse tronco de Yôga, o qual parece ser o mais antigo.

[2] Karma e dharma, transforme a sua vida faz parte de uma coleção de 40 cursos gravados em vídeo/DVD que podem ser adquiridos na Universidade de Yôga. Recomendamos que os estudantes reúnam os amigos para dividir custos e compartilhar as aulas. Chamamos a isso Grupo de Estudos. Para conhecer o conteúdo dos vídeos consulte o livro Programa do Curso Básico. Nesse livro há também instruções sobre como conduzir um Grupo de Estudos. Se quiser acessar gratuitamente na internet um resumo dessas aulas, basta entrar no site www.uni-yoga.org.

[3] O termo moral provém do latim mores, costumes. Ou seja, imoral não significa algo intrinsecamente reprovável e sim algo que não faz parte dos costumes. As pessoas não estão acostumadas com tal ou qual procedimento e, por isso, estranham-no. É interessante observar que mores, em latim, significa costumes, mas more significa estupidamente, tolamente.

[4] Uma lição a respeito de flexibilidade. O poderoso carvalho disse ao bambu: “Você é muito magrinho. Basta uma brisa para fazê-lo dobrar-se. Eu, pelo contrário, nem sinto o vento.” Certo dia, ocorreu um vendaval que derrubou o carvalho, mas não afetou o bambu, pois ele se dobrou e depois retornou à sua posição.

[5] Literatura sobre culinária e gastronomia sem carnes: Método de Boa Alimentação, deste autor; Gourmet Vegetariano, de Rosângela de Castro; La dieta del Yôga, Edgardo Caramella, Editorial Kier.

[6] “E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.” (Genesis, cap. I, vers. 29).

quinta-feira, 27 de outubro de 2011 | Autor:

Enviado por Ana Cláudia Rodrigues:

Quero compartilhar uma ação importante, ao qual é possível fazer a diferença para ajudar na Defesa das Florestas e do desenvolvimento sustentável, basta acessar o site http://www.florestafazadiferenca.org.br/home/ e participar.

beijos,

Claudia

terça-feira, 18 de outubro de 2011 | Autor:

Enviado por Gustavo Cardoso, de Londres:

Tomasz Jeschke, um padre católico austríaco, escreveu uma carta ao Papa, rezando para a instituição da Igreja não ficar em silêncio quanto ao sofrimento dos animais. No dia 4 de Outubro, o dia de São Francisco de Assis, Tomasz Jeschke esteve em frente ao Vaticano, para abençoar os animais, e em seguida entregar sua carta ao Papa. Sem resposta, o padre jejuou por dois dias na Praça São Pedro, em solidariedade aos animais que são todos os dias mortos, torturados e negligenciados por todo o mundo. O Papa não o recebeu e o Padre volta para a sua cruzada. Quem quiser acompanhar seu esforço de Tomasz em prol dos animais pode acessar seu site enviar ou até mesmo enviar uma mensagem de apoio.
Site do Padre (com opção em Português): http://www.animalpastor.eu
E-mail do Padre para encorajá-lo a continuar: [email protected]

Que ele saiba que ele não está sozinho!!!

“Pai Santo, não podemos ignorar! Estou profundamente preocupado com o destino dos animais nossos irmãos e irmãs, com a minha carta de 2011/01/02, orei ao Vaticano (Papa Bento XVI) para uma reflexão coletiva. Não tendo recebido qualquer resposta, decidi dirigir-me a Roma. A 04 de outubro (dia de São Francisco de Assis) vou sentar-me no Vaticano, Praça de São Pedro, e abençoar os animais que passam. Não podemos continuar a ignorar, está na hora de dar um sinal claro: nós devemos isso a nossos irmãos e irmãs, os animais . Esta é a razão para a minha visita a Roma. Atrás de mim não existe nenhuma organização, nenhuma pessoa privada. A minha é uma ‘reação’ espontânea, é preciso um coração de grande preocupação para os nossos irmãos e irmãs, os animais.”

https://www.facebook.com/Cadeia2010?sk=wall

segunda-feira, 10 de outubro de 2011 | Autor:
Enviado por Alê Filippini – Unidade Alphaville / SP

Da inteligência canina – UMBERTO ECO

CRÔNICA

Quando o cão elabora um plano complexo

RESUMO Um fait-divers recentemente publicado na imprensa italiana, sobre um cão que dá prova de sagacidade numa situação de grave perigo para sua dona, suscita reflexões sobre a inteligência dos cachorros, assinalada por autores da Antiguidade clássica, como Plutarco, Plínio e outros.

UMBERTO ECO
tradução MAURÍCIO SANTANA DIAS

UMA SENHORA que estava catando cogumelos com uma amiga é picada por uma vespa, tem um choque anafilático, para de respirar, a amiga telefona para a emergência, mas o socorro demora a chegar porque as duas mulheres estão em um bosque muito cerrado e é difícil localizá-las.
Então Queen, o cachorro (mas imagino que fosse uma cadela) da amiga, em vez de ficar ali, como o instinto recomendaria, ganindo e lambendo a mão da moribunda, parte feito um raio, atravessa o bosque, encontra a equipe de resgate e a conduz até o lugar certo.
Como Danilo Mainardi comenta no “Corriere della Sera” de 21 de agosto, não estamos diante de um simples comportamento instintivo: estamos diante de um comportamento “inteligente”, em que o cão não responde ao comando do instinto (não se afastar do ferido), mas elabora “um plano complexo, que abrange até a coparticipação de outros indivíduos”.

RACIOCÍNIO O caso -e os comentários de Mainardi- evocam uma literatura antiquíssima e vasta sobre as capacidades de raciocínio dos cães. Um dos textos que mais influenciaram essa tradição é a “História Natural” (77 d.C.) de Plínio, que trata da fala dos peixes e dos pássaros e discorre amplamente sobre a inteligência canina, cita um cachorro que reconhecera entre a multidão o assassino de seu dono e, com seus latidos e mordidas, o forçou a confessar o crime, ou ainda o cachorro de um condenado à morte que uivava dolorosamente e, quando um espectador lhe jogou uma comida, ele a levou até a boca do morto; quando o cadáver foi atirado no Tibre, ele também se jogou e nadou, tentando sustentá-lo.
Mas a discussão filosoficamente mais interessante já tinha ocorrido pelo menos três séculos antes, em um debate entre estoicos, acadêmicos e epicuristas. No âmbito da discussão estoica desponta um argumento atribuído a Crisipo, que será retomado e popularizado quase cinco séculos depois por Sexto Empírico.
Sexto considerava que os cães fossem capazes de raciocínio lógico, e a prova disso era que um cão, após chegar a um trívio e reconhecer pelo faro que a presa não tinha seguido por duas das estradas, imediatamente envereda pela terceira sem nem farejar. Com efeito, o cão teria formulado de algum modo o seguinte raciocínio: “A presa seguiu por esta estrada, ou por essa, ou por aquela; ora, a estrada não é esta nem essa; então só pode ser aquela” (o que seria um exemplo de raciocínio conhecido como “quinto indemonstrável”).
Além disso, Sexto lembrava que os cães possuem um “logos” porque sabem arrancar espinhos do corpo e limpar as feridas, porque mantêm imóvel a pata doente e identificam as plantas que podem aliviar a dor.
Quanto a uma linguagem animal, é verdade que não compreendemos os sons emitidos por eles, mas tampouco entendemos os sons emitidos por bárbaros, os quais no entanto falam; e os cães certamente emitem sons diversos em situações diferentes.
PLUTARCO Poderíamos continuar citando o “De Sollertia Animalium” (sobre a astúcia dos animais), de Plutarco, no qual se diz que, de fato, a racionalidade animal é imperfeita se comparada à humana, mas que essas diferenças também ocorrem entre seres humanos; e em outro diálogo, “Bruta Animalia Ratione Uti” (os animais usam a razão), a quem contestasse que seria demasiado atribuir a razão a seres que não têm uma noção inata da divindade, Plutarco responderia recordando que entre os seres humanos também existem os ateus.
Em “A Natureza dos Animais”, de Eliano, além dos argumentos já vistos, são citados exemplos de cães que se apaixonam por seres humanos. No “De Abstinentia” (da abstinência), de Porfírio, os argumentos em favor da inteligência animal servem para sustentar uma tese “vegetariana”. Todos esses temas serão retomados de várias maneiras na era moderna, até nossos dias.
Mas paremos por aqui: ainda que não se consiga definir bem a inteligência canina, deveríamos ser mais sensíveis a esse mistério. E, se for muito difícil virar vegetariano, pelo menos que donos menos inteligentes que eles não abandonem seus cães nas estradas.

[ Reply ]

Muito bom, Filippini. Muito bom, mesmo!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011 | Autor:

CIRCUITO ANIMAL MATILHA CULTURAL apresenta:

09/10/11 – EM COMEMORAÇÃO AO DIA MUNDIAL DOS ANIMAIS

– Caminhada “PráCachorro” 10-12:00 h. Cãominhada pelos pontos históricos e turísticos do Centro de São Paulo. Concentração as 10 h. na frente da Matilha Cultural . Traga seu cão em segurança com guia e coleira.

– Cocktail “PráCachorro” 12-13:00 h. Recepção para os cães: comida e água a vontade em espaço reservado só pra eles.

– Loja Centro de Adoção 10-20:00 h. Campanha especial de consultas, vacinação e identificação animal a preço popular. Placas com Gravação, RGA e Microchipagem.

– Restaurante Massa Amiga Vegana 12-20:00 h. Pratos com massas e molhos saborosos a serem servidos em sistema de restaurante ao som agradável da musicoterapia.

– Adoção de Cães e Gatos 12-20:00 h. Tradicional feira de adoção da ONG Natureza em Forma. Cães soltos para adoção interagem com o publico. Todos castrados, vacinados e identificados.

– Cine Matilha 12-20:00 h. Sessões infantil e adulto com o tema animal.

– Bingo Beneficente Pra Cachorro 14-17:00 h. Oferecendo brindes sociais e atrativos, com musica ambiente, apresentações e diversão nos do inervá-los. Participe, divirta-se e ajude os animais.

– Oficina: Seu Reflexo, Seu Cão 17:30-18:30 h. Comunique –se melhor com seu cão.

Stands das ONG`s : Nina Rosa, PEA, Quintal de São Francisco, Tribuna Animal,

Musica ao Vivo, Recreação Infantil, Doces e Salgados Vegetarianos/ Veganos.

Todo trabalho é voluntário.

# ENTRADA COLABORATIVA: R$ 3,00 com direito a um adesivo ou bóton.

# CONVITES BINGO (VENDA ANTECIPADA) R$ 20,00 (entrada colaborativa inclusa+3 cartelas premio máster)

Toda renda será revertida para obras em apoio a causa animal.

Acesso a deficientes físicos, elevador, wi-fi, cartão debito/credito.

Onde?

Rua Rego Freitas, 542 – Centro – Em frente a Pça Roosevel / Igreja da Consolação –SP/SP.

Saiba +: Tel.: 11-2917-0257 / 11-7766-1560 / 11-3256-2636 http://www.naturezaemforma.org.br/centrodeadocao.

Não poderá ir? Ajude-nos. Divulgue. Doe qualquer quantia:

BRADESCO-AG.:3349 C/C: 5800-9 ASSOCIAÇÃO NATUREZA EM FORMA.

Siga o evento no facebook: http://www.facebook.com/event.php?eid=206032539463359.

Realização: Matilha Cultural e Natureza em Forma