quarta-feira, 27 de junho de 2012 | Autor:

Antigamente queimavam os hereges com lenha.
Agora, queimam-nos com jornais.

DeRose

Helena Petrovna Blavatsky, uma sensitiva com dons paranormais, foi quem fundou a Sociedade Teosófica. Sofreu tão pavorosas perseguições e difamações, que fez publicar o seguinte anúncio no jornal New York World, em 6 de maio de 1877:

“Desde o primeiro mês de minha chegada a New York comecei, por motivos misteriosos, mas, talvez inteligíveis, a provocar ódio entre aqueles que pretendiam ser dos meus melhores amigos e manter comigo boas relações. Informações aleivosas, insinuações vis e indiretas pouco elegantes choveram sobre mim. Mantive silêncio por mais de dois anos, embora a menor das ofensas que me lançaram fosse calculada para excitar a repugnância de alguém com o meu temperamento. Consegui livrar-me de um número regular desses varejistas de difamações, mas, achando que estava atualmente, sofrendo na estima de amigos cuja boa opinião me é valiosa, adotei uma política de auto-exclusão.

“Por dois anos, meu mundo esteve restrito ao apartamento que ocupo, e dezessete horas por dia, em média, estive sentada à secretária, tendo os livros e manuscritos por únicos companheiros.

“Sou uma velha e sinto necessidade de ar fresco como qualquer pessoa, mas minha aversão por esse mundo, caluniador e mentiroso, que se acha fora das fronteiras dos países incivilizados e pagãos foi tal que, em sete meses, creio ter saído de casa apenas três vezes. Contudo, nenhum retiro é seguro bastante contra os caluniadores anônimos que se valem do serviço postal. Cartas inúmeras foram recebidas por amigos leais, contendo as calúnias mais imundas contra a minha pessoa.

“Por várias vezes fui acusada de alcoólatra, embusteira, espiã russa, espiã anti-russa, de não ser russa, de aventureira francesa, de ter estado em cárceres destinados a ladrões, de ter assassinado sete maridos, de bigamia etc. Outras coisas poderiam ser mencionadas, mas a decência não permite. Desafio qualquer pessoa em toda a América a vir provar uma só das imputações contra minha honra. Convido qualquer pessoa de posse de tais provas a publicá-las nos jornais, sob sua assinatura.

Não é preciso dizer que ninguém assumiu a autoria das difamações. Blavatsky não foi a primeira nem a última a sofrer esse tipo de agressão. Foram incompreendidos, perseguidos, atacados, insultados, difamados seres de luz como Galileu Galilei, Charles Darwin, Giordano Bruno, Santos Dumont, Marcellino de Sautuola, Miguel Servet, Sigmund Freud, Carl Gustav Jung e tantos outros.

Blavatsky nem sonhava com o que conseguiriam fazer cem anos depois os inimigos da Luz para implantar as trevas.

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011 | Autor:

De fato, uma vez que a opinião tinha um bom número de vozes que a aceitavam, os que vieram depois supuseram que só podia ter tantos seguidores pelo peso concludente de seus argumentos. Os demais, para não passar por espíritos inquietos que se rebelam contra opiniões universalmente aceitas, são obrigados a admitir o que todo o mundo já aceitava. Daí para a frente, os poucos que forem capazes de julgar por si mesmos se calarão. Só poderão falar aqueles que sejam o eco das opiniões alheias, por serem totalmente incapazes de ter um juízo próprio. Estes, aliás, são os mais intransigentes defensores dessas opiniões. Estes odeiam aquele que pensa de modo diferente, não tanto por terem opinião diversa da dele, mas pela sua audácia de querer julgar por si mesmo, coisa que eles nunca conseguirão fazer e estão conscientes disso. Em suma, são muito poucos os que podem pensar, mas todos querem dar palpite. E que outra coisa lhes resta senão tomar as opiniões de outros em lugar de formá-las por conta própria? Como isto é o que sempre acontece, que valor pode ter a voz de centenas de milhões de pessoas? Valem tanto quanto um fato histórico que se encontre registrado por cem historiadores, quando, na verdade, todos se copiaram uns aos outros, e tudo se resume, em última análise, a um só testemunho.”

Schopenhauer,
citando Bayle em Pensées sus les Comètes (o negrito é nosso).

Certamente o autor do texto acima se referia às mentiras que passaram à História como verdades, porque um único historiador havia escrito (quem sabe, Homero ou Heródoto) e teria sido lido e repetido por cem outros.  A partir de então, se alguém afirmasse algo discrepante encontraria o argumento: “É óbvio que você está errado. Você é o único que afirma isso enquanto todos afirmam o contrário.” Mas, na verdade, havia sido apenas um que afirmara o contrário e fora repetido por cem.

Daí para a frente, “só poderão falar aqueles que sejam o eco das opiniões alheias.” Os poucos que forem capazes de julgar por si mesmos serão obrigados a calar-se como Galileu Galilei ou serão banidos, torturados e queimados vivos como Giordano Bruno.

Antigamente queimavam os hereges* com lenha.
Agora, queimam-nos com jornais.

[*do grego hairetikós – “aquele que escolhe”]

sábado, 24 de abril de 2010 | Autor:

Em dado momento, uma emoção mais forte invadiu meu peito. Eu estava no Arquivo Secreto do Vaticano, lendo textos antigos de Galileu Galilei e outros. Um dia antes, visitei a estátua de Giordano Bruno, erigida no local em que ele foi queimado por não se calar e insistir em dizer o que o mundo ainda não estava pronto para escutar.

domingo, 14 de junho de 2009 | Autor:

Alessandro Martins


E este outro vídeo é ótimo para quando nos achamos grandes ou pequenos demais:


httpv://www.youtube.com/watch?v=HEheh1BH34Q


Achei que você e os demais fossem gostar, se é que já não conhecem.


Não canso de ver. A grandeza incomensurável das estrelas é fascinante e, ainda assim, elas são pequenas.


Abraços!


[Seria tão bom ter podido mostrar isto aos algozes da Santa Inquisição que torturaram e queimaram vivo o Giordano Bruno por ter declarado estes conceitos, bem como aos que humilharam a Galileu Galilei!…  DeRose.]


 


Luc


Este outro vídeo, no mesmo estilo, também é fantástico:


 


 

sábado, 28 de fevereiro de 2009 | Autor:

A História Oficial

 

É difícil obter o triunfo da verdade.
Pasteur

Os historiadores sabem-no bem: não é à toa que história e estória (History & story) têm a mesma origem semântica. Em inglês é etimologicamente muito significativo que a palavra History seja composta de his+story (sua estória, sua versão).

No fundo, é tudo mitologia. Se lhe perguntarem: “qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?”, não responda que ele era cinzento e que branco era seu nome. Na verdade ele era branco mesmo e o nome era Le Vizir. Se ouvir que Ivan, o Terrível era terrível, duvide. Alexandre, o Grande, era pequeno. Rasputin era muito mais santo que demônio. E, afinal, os peles-vermelhas não eram uns selvagens desalmados como se quis fazer crer durante séculos.

A História sempre foi torcida por quem a escreveu. Qual terá sido a verdadeira história da revolução russa ou da revolução francesa? Comunistas comiam criancinhas? Os químicos da idade média eram mesmo bruxos emissários do diabo? Joana d’Arc era o que diziam os ingleses (uma bruxa francesa), o que diziam os franceses (uma santa) ou ainda o que diria Freud (uma portadora de psicose obsessiva com alucinações)? Não faria diferença: ela seria queimada de qualquer maneira.

Na mesma fogueira são torrados o nome, a reputação e a paz de espírito de todos aqueles que ousam ser mais lúcidos que a massa ignara, ou simplesmente diferentes. O próprio Freud foi impiedosamente perseguido e difamado enquanto vivo. Depois de morto, tornou-se venerado como gênio. Anos depois, outra vez, atacado e injuriado. Pelo jeito esse processo cíclico vai continuar se repetindo.

Galileu foi preso por dizer a verdade, libertado por admitir a mentira. Giordano Bruno, Miguel Servet e outros tantos, não se calaram: foram torturados e queimados vivos em praça pública. O psicanalista Wilhelm Reich saiu da Alemanha nazista e foi para o país da liberdade: lá foi preso por suas ideias libertárias e morreu na prisão.

Quantos passaram à História como loucos e eram iluminados; quantos passaram como iluminados e eram loucos!

A esta altura já acho que honesto é o adjetivo que se aplica a todo aquele que não foi desmascarado. E, em contrapartida, desonesto é o que não conseguiu provar sua inocência, ainda que verdadeira. Ah! Quanta gente honesta você conhece, não é?

Curioso é que embora a lei diga que todos são inocentes até que se prove o contrário, o povo faz o inverso. Ao invés de exigir as provas ao que acusa, exige-as ao acusado! Então, para o populacho ele passa a ser culpado até que se prove a sua inocência. Lembra-se do caso da respeitável Helena Petrovna Blavatsky que já relatei neste livro?

Pensando bem, na Justiça também é assim. Se você for acusado falsamente terá de provar que a acusação é falsa, senão vai preso! Então… e aquela estória de que “ao acusador cabe o ônus da prova”?

Hoje, quando estoura algum escândalo envolvendo personalidades públicas em seus supostos envolvimentos amorosos “provados”, corrupções “documentadas” e outras pilantragens “testemunhadas” penso cá comigo o quão possível é que tenham apenas sido vítimas de complôs para desmoralizá-los e, assim, afastar concorrentes realmente fortes por ser incorruptivelmente honestos.

Mas o que esperar da humanidade se os seus mais ilustres sábios têm nos dado mostras de sandice desde a antiguidade até os nossos dias? É o próprio Camille Flammarion quem nos conta estas:

“Assistia eu, certo dia, a uma sessão da Academia de Ciências, dia esse de hilariante recordação, em que o físico Du Moncel apresentou o fonógrafo de Edson à douta assembléia. Feita a apresentação, pôs-se o aparelho docilmente a recitar a frase registrada em seu respectivo cilindro. Viu-se, então, um acadêmico de idade madura, saturado mesmo das tradições de sua cultura clássica, nobremente revoltar-se contra a audácia do inovador, precipitar-se sobre o representante de Edson e agarrá-lo pelo pescoço, gritando:

– ‘Miserável! Nós não seremos ludibriados por um ventríloquo.’

“Senhor Bouillaud chamava-se esse membro do Instituto. Foi isso a 11 de março de 1878. Mais curioso ainda é que, seis meses após, a 30 de setembro, em uma sessão análoga, sentiu-se ele muito satisfeito em declarar que, após maduro exame, não constatara no caso mais do que simples ventriloquia, pois ‘não se pode admitir que um vil metal possa substituir o nobre aparelho da fonação humana’.

“Quando Lavoisier procedeu à análise do ar e descobriu que o mesmo se compõe principalmente de dois gases, o oxigênio e o azoto, esta descoberta desconcertou mais de um espírito positivo e equilibrado.

“Um membro da Academia de Ciências, o químico Baumé (inventor do aerômetro), acreditando firmemente nos quatro elementos da ciência antiga, escrevia doutoralmente:

– ‘Os elementos ou princípios dos corpos têm sido reconhecidos e confirmados pelos físicos de todos os séculos e de todas as nações. Não é presumível que esses elementos, considerados como tais durante um lapso de dois mil anos, sejam postos, em nossos dias, em um número de substâncias compostas, e que se possa dar como certos tais processos para decompor a água e o ar e tais raciocínios absurdos, para não dizer coisa pior, com que se pretende negar a existência do fogo ou da terra.’

“O próprio Lavoisier não está indene da mesma acusação contra os que supõem tudo descoberto, pois ele dirigiu um sábio relatório à Academia para demonstrar que não podem cair pedras do céu. Ora, a queda de aerólitos, a propósito da qual ele escreveu esse relatório oficial, tinha sido observada em todos os seus detalhes: tinha-se visto e ouvido o bólido explodir, bem como o aerólito cair, tendo sido levantado do chão ainda ardente, para ser em seguida submetido ao exame da Academia. E esta Academia declarou, pelo órgão do seu relator, que a coisa era inacreditável e inadmissível. Assinalemos também que há milhares de anos caem pedras do céu diante de centenas de testemunhas, que tem sido apanhado grande número dessas pedras, tendo sido conservadas diversas nas igrejas, nos museus, nas coleções. Mas faltava ainda, no fim do século, um homem independente para afirmar que de fato caem essas pedras do céu: tal homem foi Chladui.

“Na época da criação dos trens de ferro, houve engenheiros que demonstraram que esses trens não caminhariam e que as rodas das locomotivas rodariam sempre sobre o mesmo lugar. Na Baviera, o Colégio Real de Medicina, consultado, declarou que as estradas de ferro causariam, se fossem construídas, os mais graves danos à saúde pública, já que um movimento assim tão rápido, provocaria abalos cerebrais nos viajantes e vertigens no público exterior. Em consequência, recomendou o encerramento das linhas entre duas cercas de madeira à altura dos vagões.”

Todo este extenso texto foi retirado do livro O Desconhecido e os Problemas Psíquicos, editado no Rio de Janeiro no ano de 1954.

O leitor poderá argumentar que o texto de Flammarion se refere a uma época pretérita e que hoje não é mais assim. Deploro a ingenuidade de quem pensar dessa forma. O texto foi justamente escolhido por referir-se a atitudes absurdamente ridículas aos nossos olhos de hoje, para que possamos ter uma ideia de como serão tachadas mais tarde as que estamos cometendo agora.

Helena Petrovna Blavatsky, uma sensitiva com dons paranormais, foi quem fundou a Sociedade Teosófica. Sofreu tão pavorosas perseguições e difamações, que fez publicar o seguinte anúncio no jornal New York World, em 6 de maio de 1877:

“Desde o primeiro mês de minha chegada a Nova Iorque comecei, por motivos misteriosos, mas, talvez inteligíveis, a provocar ódio entre aqueles que pretendiam ser dos meus melhores amigos e manter comigo boas relações.

Informações aleivosas, insinuações vis e indiretas pouco elegantes choveram sobre mim.

Mantive silêncio por mais de dois anos, embora a menor das ofensas que me lançaram fosse calculada para excitar a repugnância de alguém com o meu temperamento.

Consegui livrar-me de um número regular desses varejistas de difamações, mas, achando que estava atualmente sofrendo na estima de amigos cuja boa opinião me é valiosa, adotei uma política de auto-exclusão.

Por dois anos, meu mundo esteve restrito ao apartamento que ocupo, e dezessete horas por dia, em média, estive sentada à secretária, tendo os livros e manuscritos por únicos companheiros.

Sou uma velha e sinto necessidade de ar fresco como qualquer pessoa, mas minha aversão por esse mundo, caluniador e mentiroso, que se acha fora das fronteiras dos países incivilizados e pagãos foi tal que, em sete meses, creio ter saído de casa apenas três vezes.

Mas, nenhum retiro é seguro bastante contra os caluniadores anônimos que se valem do serviço postal. Cartas inúmeras foram recebidas por amigos leais, contendo as calúnias mais imundas contra a minha pessoa.

Por várias vezes fui acusada de alcoólatra, embusteira, espiã russa, espiã anti-russa, de não ser russa, de aventureira francesa, de ter estado em cárceres destinados a ladrões, de ter assassinado sete maridos, de bigamia, etc. Outras coisas poderiam ser mencionadas, mas a decência não permite.

Desafio qualquer pessoa em toda a América a vir provar uma só das imputações contra minha honra. Convido qualquer pessoa de posse de tais provas a publicá-las nos jornais, sob sua assinatura.”

 

 

 Bem, tudo isso está aqui apenas para registro. Foram coisas que, evidentemente, marcaram-me bastante no passado e devem ter influenciado o norteamento de toda a obra. No entanto, há muitos anos superei quaisquer perplexidades, reivindicações ou indignações. Talvez graças ao amadurecimento proporcionado pela idade e pelas vivências, talvez com a contribuição do sucesso e da aceitação das pessoas… É difícil determinar o motivo real da satisfação de alguém.

Apesar de ainda haver reflexos das campanhas desencadeadas pelo Yeti e seus prosélitos, para tristeza e decepção deles, elas não conseguem mais nos prejudicar.

Atualmente, guardamos um sentimento no coração: uma profunda gratidão por tudo e por todos, pelo que nos ensinaram e pelo estímulo do desafio.

 

Já sofri demasiadamente a incompreensão e o isolamento a que se é relegado quando se tenta dizer aquilo que os homens não compreendem.

Carl Gustav Jung

 

Dai-me seis linhas escritas pelo homem mais honrado
e eu conseguirei motivos para levá-lo à forca.

 

Cardeal Richelieu

 

 

 

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domingo, 7 de dezembro de 2008 | Autor:

Fiquei bem feliz pelo telefonema que recebi do jornalista Arthur Veríssimo, da revista Trip. Ele se mostrou contente pelo pronunciamento que fizemos a respeito do caso Cristóvão de Oliveira. De fato, quando alguém ataca, todos querem atacar. Talvez tenham medo de que, se não se juntarem aos agressores, sejam injuriados também. Isso é muito feio! Isso é covardia! Creio que fui o único profissional da área de Yôga a emitir um parecer pedindo ponderação. Registre-se que não conheço o professor Cristóvão e que não trabalhamos com a mesma modalidade. A questão é que, em princípio, se não pudermos defender, pelo menos que nos abstenhamos de condenar, no mínimo, enquanto não dispusermos de provas irrefutáveis e enquanto não tivermos ouvido o acusado. Este é um princípio primário do Direito e da Justiça. Exorto a que toda a população considere a possibilidade de adotar este comportamento para evitar que nossa sociedade do Terceiro Milênio tome atitudes dignas de uma Santa Inquisição medieval, em que bastava a acusação vazia de um desafeto invejoso e o acusado tinha sua reputação e sua vida destruídas, sem direito de defesa. Era torturado e acabava confessando o que nem sequer havia cometido, pois todo ser humano tem um limite à tortura, seja ela física ou psicológica.
Escrevi uma máxima que faz parte do meu próximo livro “Pensamentos” e que declara: No passado queimavam os hereges com lenha. Hoje, queimam-nos com jornais!
Note que o termo herético provém do grego haireticós, “aquele que escolhe”. Isso é muito significativo, pois indica que as pessoas repudiam os que insistem em desfrutar do direito à liberdade de escolha. Não querem que escolhamos. Querem que baixemos a cabeça. Contudo, isso é muito difícil para aqueles que pensam como Giordano Bruno, mártir da liberdade de pensamento.