segunda-feira, 11 de outubro de 2010 | Autor:

Esta semana me apareceu uma ruga nova. Fiquei bem feliz porque desde menino sempre quis ter um vinco nesse lugar. Todos os desenhos de rostos que eu esboçava apresentavam esse traço, mas desafortunadamente nunca aparecia nas minhas fotografias. Quando adolescente, eu chegava a colocar um esparadrapo para forçar o aparecimento dessa linha de força no meu rosto, mas a pele juvenil se recusava a aceitar a marca. Hoje, fui surpreendido com a dita-cuja. E fiquei a pensar: as pessoas, em geral, querem esconder as rugas a todo o custo e eu fiquei feliz ao descobrir uma nova… Acontece que as rugas são os sulcos do vinil que registra a história de uma vida. Botocar-se seria o mesmo que corromper os sulcos da gravação na tentativa de apagar um passado que não dignifique ou do qual a pessoa não se orgulhe. E eu me orgulho bastante do meu trabalho, das minhas amizades, dos sofrimentos que fazem parte, bem como das vitórias que os meus amigos me proporcionaram e das conquistas para as quais os meus desamigos me estimularam. Que seja bem-vindo este novo vínculo (pequeno vinco) que se me assenta na face como troféu da idade. Idade que me concede a experiência, o respeito e a credibilidade. Antes, por mais que trabalhasse duramente, com seriedade, profissionalismo e honestidade, eu estava jovem e as pessoas não acreditavam na capacidade ou na seriedade de um garotão. Eu aguardava, pacientemente, que Khrónos me concedesse a sua graça. Finalmente, ela aportou. 

 Conclusão: Ter idade é uma questão de tempo.